quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Eu sonhei um sonho estranho.
Sonhei com uma estranha árvore:
De um lado era uma laranjeira,
De outro, uma macieira.
E eu a chamei de árvore do engano.
Embora frondosa e majestosa,
suas sombras eram traiçoeiras.
Faziam com que o viajante incauto, inocente e confiante
se visse envolto e preso em seus galhos como num abraço de serpente.
O que deveria ser guarida de jornada longa e cansativa,
transformava-se em armadilha cruel.
Seus galhos, como braços fortes, não protegiam: asfixiavam.
Suas folhas, embora verdes, brilhantes, e aparentemente tenras,
eram amargas e toxicas;
jamais forneceriam revigorante chá ou bálsamo para feridas profundas e dolorosas.
Em meu sonho, eu tentava obter uma pequena árvore daquela espécie;
acreditava que com amor, carinho e dedicação,
 eu conseguiria transformá-la numa arvore de um só doce fruto.
Eu estava errada,
embora tenha despendido anos de dedicação amorosa,
a árvore jamais deu um único doce fruto.
Toda sua produção era de lindos, brilhantes e magnificamente robustos frutos;
 infelizmente, nenhum era tenro e doce.
Era a árvore do engano;
mostrava uma coisa e era outra completamente diferente.
O mais estranho e que essa árvore tinha duas raízes completamente iguais,
e somente quem a amasse exatamente como ela era,
podia vê-la em sua profundeza:
Uma pobre árvore destinada a ser solitária.
Ela gostava de se esconder atrás de uma aparência magnifica
para atrair desavisadas criaturas
e chacoalhar seus galhos sobre elas:
era a risada da árvore ante a inocência dos pobres e humildes viajantes,
e ao mesmo tempo,
era o choro de pesar da árvore ante sua infinita desdita.


Pobre linda árvore!

09/12/2014 - 11:22 p.m.- doradbrazil ( um sorridente peixe fora d'agua )