Quando nasci, ouvi:
vai!
Não importa onde:
vai!
veja muitas coisas, tenha olhos do
coração para tudo
ame, incondicionalmente tudo que vier
pela frente
sonhos e desilusões
graças e gracejos
amores mal feitos, abraços não dados,
beijos!
Quando nasci, ouvi:
vai!
veja beleza em tudo, até nas pedras
olhe bem para elas com olhos do
coração.
veja seus contornos, sem abrir os
olhos
apenas passando-lhes a mão
sinta o pulsar da vida na inércia da
pedra:
ela vive!
quando nasci, ouvi:
vai!
beba de todas as águas, as doces e as
amargas
as que fazem bem ao fígado e as que
adoçam o coração
sorva de todas elas, e beberá da
sabedoria da natureza.
quando nasci, ouvi:
vai!
olhe tudo e todos com olhos de
curiosidade
daquelas bem argutas, de quem quer
aprender tudo num só olhar
não pergunte, apenas olhe, pois há
sabedoria em observar.
quando nasci, ouvi:
vai!
siga sua trilha, tenha cabelos
brancos
de inverno frio e implacável, e
quando eles vierem
ao olhá-los lembrar-se-á de suas
primaveras
então olhe para trás e veja todas as
flores de seu caminho
veja as folhas caídas, as pedras dos
caminhos e os pássaros
dos ninhos.
veja a curva do rio,
por onde
passaste tantas vezes
curve-se ante a beleza da água
límpida que refletirá um pouco de si
então veja o reflexo de Deus
no
amoroso e luminoso raio de sol
que adentrar teu coração.
Essa e a verdadeira visão de tudo
Do amor incondicional que tudo
suporta,
Do tamanho das comportas
De todas as emoções do mundo
Vá, veja, ouça, sinta, prove, beba...
Só não minta para teu coração:
Ame incondicionalmente teu irmão
E estará amando a Mim.
Quando nasci, ouvi:
vai!
Vim!
Estou aqui, você me vê?
15/3/2009