segunda-feira, 28 de agosto de 2006

CAÇADA

Rasgo a noite em uivo agudo
Desafiando matilha solta
Responde-me o silêncio mudo
Intimidado com loba afoita.

Andar leve em prado vazio
Farejo; procuro e acho.
Sou inquieta loba no cio
Caçando seu par, seu macho.

Vislumbro belo exemplar negro
Com seus pêlos eriçados
À minha espera, sem medo,
Ansiando ser caçado.

Os dentes em poder arreganhando
Exalando pelos poros seu cheiro
Instinto animal desafiando
Estimulando entrega por inteiro.

Passo a passo aproximando
Olhos nos olhos a fitar
Sem delongas vai tomando
O que a loba quer entregar.

Gloriosos uivos lancinantes
Ecoam pela noite adentro
Alcoviteira dos lobos amantes
Denunciados por traiçoeiro vento.


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