domingo, 1 de outubro de 2006

ROSTO DE MULHER

Um rosto...
Apenas um rosto
Face de marcas
Perdidas no tempo
Apenas um rosto
Como folhas secas ao vento
Apenas um rosto
Sem identidade
Quem sabe?
Sem lágrimas tontas
Sem saudades
Sem expressão
Um rosto
Com granítica impavidez
Completa lividez.
Em sua tez
Cor não fez
Apenas um rosto
De olhar perdido,
SofridoDe mulher.
Bate o martelo do leilão:
É apenas um coração
De mulher;
Alguém quer?
Dou-lhe uma
Dou-lhe duas
Dou-lhe três.
Ninguém deu lance
Nenhuma chance
Mais uma vez.
Algum mal profundo
fez a mulher ao mundo?
(01/10/2006)

FAXINA

Entre panos de pó vassouras e rodos
Vasculho as teias das minhas lembranças
Enxaguando e torcendo
Lavo as borras da memória
E por vezes, seco lágrimas de saudade.
Vão-se os anos
Esvai-se o tempo
Só não se perde o medo da dor da perda
Ele está lá,
Firme
Inabalável
Inalterável
No fundo do baú
De guardados
Os sentimentos
E o tempo não pára
Corre rápido
Com voraz celeridade
Mas assim mesmo
O medo fica
Lá no fundo
Profundo
Enraizado
Agarrado
Como parasita da vida.
E agora querida?
Fiz-me entendida?
(01/10/2006)

PRESENTE DE NATAL

Um dia
Quando menina
Eu pedi ao Papai Noel
Um boneco bem grande
Bem bonito
Daqueles de massa
Papai Noel não veio.
Mas não perdi a esperança
Continuei a acreditar...
Eu era criança.
E continuei pedindo...
Então um dia ganhei
Não o de massa
Afinal, o tempo passa...
Mas um do meu seio
Vivo, Lindo!
O mais belo presente
Da mais linda noite de natal
Que estrela nenhuma
Jamais anunciou
Mas ainda assim
Não pude brincar
Um outro papai
Que não o Noel
Mas certamente de lá do céu
Para Ele o levou
E ainda hoje
A cada dia que nasce
O Deus-Menino
Eu continuo pedindo
Mas já não posso ganhar
E o meu natal é diferente
Sem festa,Sem presente
No peito só a saudade
Nos lábios uma oração
No olhar brilha a lágrima
Cristalina que no rosto se faz...
E como no meu sonho de menina
Eu continuo pedindo...
28/11/1988

PRESENTE DE NATAL


Um dia
Quando menina
Eu pedi ao Papai Noel
Um boneco bem grande
Bem bonito
Daqueles de massa.
Papai Noel não veio.
Mas não perdi a esperança
Continuei a acreditar...
Eu era criança.
E continuei pedindo...
Então um dia ganhei
Não o de massa
Afinal, o tempo passa...
Mas um do meu seio
Vivo Lindo!
O mais belo presente
Da mais linda noite de natal
Que estrela nenhuma
Jamais anunciou
Mas ainda assim
Não pude brincar
Um outro papai
Que não o Noel
Mas certamente de lá do céu
Para Ele o levou
E ainda hoje
A cada dia que nasce
O Deus-Menino
Eu continuo pedindo
Mas já não posso ganhar
E o meu natal é diferente
Sem festa,Sem presente
No peito só a saudade
Nos lábios uma oração
No olhar brilha a lágrima
Cristalina que no rosto se faz...
Como meu sonho de menina
Eu continuo pedindo...
(28/11/1988)